Reconheço a minha insignificância, como o grão de areia na imensidão do oceano, apesar disso, ambiciono viver tanto quanto Deus permita.
Amo a terra, o sol, o sal, e o mar. Mesmo o mais distante mar, parece a mim pertencer; ao menos pertence aos meus olhos contemplativos. Não desejo o paraíso, apenas ter o mar que é meu, que também é seu, que me perturba e que me fascina. Sento-me ali na beira da praia, viajo pelas suas ondas macias, sinto o cheiro das algas e o sal na boca, trazido pela sua brisa fresca.
Sei que sou egoísta querendo o mar só para mim, não tenho este direito, mas sei que também é meu. Não fico enciumado que você diga que também é seu. Mas o mar não tem dono, e aceita fronteiras somente no imaginário.
Batizado com múltiplos nomes, jamais perde a sua força e imponência. Obediente à mãe lua, sobe e desce aos seus caprichos. Merece respeito, ainda mais quando se põe furioso. Até na fúria és belo meu mar. Oceano que eres vira mar quando queres.
Mar bonito, que do nada se põe feio e desafia até o mais experiente navegador, e com fúria, lava o indefeso rochedo. Mar que engole rios, afoga mangues, que leva o veleiro sob o vento quente e macio, no ocaso de um dia de sol escaldante.
Mar que desperta a paixão ardente nos amantes e no pescador solitário que sonha com a fartura. Mar que leva e traz, que não aceita nada que não lhe pertence.
Sua densa bruma mostra o quanto estiveste irado, castigando com fúria os rochedos. Agora, mais calmo, está pronto para o merecido repouso sob a luz da lua cheia, até o raiar de um novo dia, quando voltará a rugir.