A menor distância entre dois pontos, nem sempre é uma linha reta…

Na escola fundamental aprendemos que a menor distância entre dois pontos é sempre uma reta, de acordo com a geometria euclidiana. Tem sentido, quando duas figuras bidimensionais são representadas em uma superfície plana, como o quadro negro da escola, ou uma folha do caderno, mas não é uma verdade absoluta.

A distância mais curta entre dois pontos depende da geometria ou superfície do objeto em questão. Para superfícies planas bidimensionais, uma linha é de fato a distância mais curta, mas para superfícies tridimensionais, como a Terra, as distâncias do grande círculo (esfera geodésica) representam a distância mais curta.

Se a terra fosse plana, a distância entre dois pontos seria uma linha reta, mas como a terra é cilíndrica, a menor distância entre dois pontos, é uma curva geodésica, portanto, a geometria usada para calcular a distância entre dois pontos na superfície terrestre é a geometria riemanniana –referência ao matemático alemão Bernhard Riemann. Este conceito é usado pelos planejadores de voos para traçar as rotas de aviões de maneira ótima, economizando tempo e combustível. O mesmo conceito vale para a navegação marítima.

Mas, o objetivo aqui não é dar uma aula de física ou matemática, e sim ilustrar a relatividade das coisas. A vida é repleta de contradições e relativismos e temos que aprender a lidar com isso. Às vezes, devemos adotar o caminho em linha reta, mas, em muitas situações, temos que adotar rotas mais longas para não ferir suscetibilidades ou magoar alguém que muito queremos.

Isso não significa que devemos renunciar às nossas convicções, ao contrário, este é um indicativo de que devemos colocar o nosso sistema de valores a frente das nossas decisões, entendendo sempre que os nossos atos geram consequências. Como não controlamos as reações das outras pessoas, agir com temperança ajuda muito a evitar conflitos que em nada contribuem para o bem viver.

A vida em sociedade é complexa, difícil e nem sempre justa, o que muitas vezes nos leva a questionar se vale a pena. Sim, vale e muito! No entanto, para viver de maneira mais leve, é importante exercitar a empatia, sem perder a autoestima. Também é necessário respeitar opiniões e preferências diferentes das suas, pois um mundo mais plural é mais fascinante e humano, além de ser muito mais divertido.

Acontecimentos recentes têm mostrado uma faceta muito pesada da sociedade, que é a dificuldade em aceitar opiniões diferentes das nossas. Esse fenômeno está remarcado por nós e eles em quase tudo, religião, questões raciais, futebol, escolha sexual, política, enfim todos os movimentos sociais que fazem parte do nosso cotidiano. Perdemos o direito de pensar diferente e manifestar as nossas posições, com isso, estamos empobrecendo cultural e socialmente. Há que se entender que adversário não é inimigo!

Uma das origens deste problema está no descuido na educação básica, que se agravou ainda mais com a pandemia. Parece que desaprendemos a se relacionar, com isso episódios de violência relacionados à intolerância têm sido frequentes, rompendo todos os padrões de civilidade, e se nada for feito, vamos perder a capacidade de evoluir como sociedade.

Em tempos de intolerância, evitar entrar em embates ideológicos e sem fundamento é um bom caminho para neutralizar conflitos destrutivos, que em nada contribuem para o seu bem-estar. Explorando a teoria acima, e de maneira metafórica, se a conversa for com alguém que acredita que a terra é plana, é melhor mudar de assunto!

4 comentários em “A menor distância entre dois pontos, nem sempre é uma linha reta…

  1. O que me chama atenção, sendo o cerne da proposta do texto no meu entendimento e a dificuldade das pessoas em dialogar civilizadamente mesmo tendo opiniões divergentes uma da outra. Isso se manifesta de maneira menos latente em temas que, notoriamente tendem a ser mais polarizados, como política e religião só para citar alguns exemplos. É algo lastimável, infelizmente sem empatia, tolerância, escuta ativa, entre outras características básicas de um diálogo, não tem como chegar a uma conclusão ou resultado prático positivo que seja bom para ninguém. Sobre alguém defender a ideia do terraplanismo, nao consigo entender realmente o motivo de isso ser possível em pleno século XXI. E algo que independe da racionalidade que nos separou de nossos parentes ancestrais primatas. Vislumbro certa similaridade nisso com ato de rezar para uma divindade, ou o ato de defender incondicionalmente um partido A Ou B como se fossem um modelo a ser imposto ditatorialmente pela opinião de determinado indivíduo, não há racionalidade alguma nisso, apenas fé ou egoísmo mesmo, de preferir morrer com uma ideia idiota do que entregar os pontos e mostrar a fragilidade de embasamento e conhecimento que nos acomete. Informação está aí disponível para todos, é só não ter preguiça e estudar.

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  2. O que me chama atenção, sendo o cerne da proposta do texto no meu entendimento e a dificuldade das pessoas em dialogar civilizadamente mesmo tendo opiniões divergentes uma da outra. Isso se manifesta de maneira menos latente em temas que, notoriamente tendem a ser mais polarizados, como política e religião só para citar alguns exemplos. É algo lastimável, infelizmente sem empatia, tolerância, escuta ativa, entre outras características básicas de um diálogo, não tem como chegar a uma conclusão ou resultado prático positivo que seja bom para ninguém. Sobre alguém defender a ideia do terraplanismo, nao consigo entender realmente o motivo de isso ser possível em pleno século XXI. E algo que independe da racionalidade que nos separou de nossos parentes ancestrais primatas. Vislumbro similaridade nisso com o ato de defender cegamente um partido político A ou B como imposições ditatorialmente impostas pela opinião de determinados indivíduos ou rezar para uma divindade, não há racionalidade alguma nisso, apenas fé ou egoísmo mesmo, de preferir morrer com uma ideia idiota do que entregar os pontos e mostrar a fragilidade de embasamento e conhecimento que nos acomete. Informação está aí disponível para todos, é só não ter preguiça e estudar.

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